Brasil se consolida na rota do tráfico internacional de cocaína para a Europa, aponta relatório da ONU

Fernanda Calgaro
Especial para o UOL Notícias
Em Londres

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Na última década, o Brasil se consolidou como rota de passagem do tráfico internacional de cocaína com destino à Europa. Os Estados Unidos, maiores consumidores mundiais da droga, viram a oferta no seu território minguar com a repressão aos cartéis mexicanos –de 267 toneladas em 1998 caiu para 165 toneladas em 2009. Na Europa, as remessas quase dobraram no período –de 63 toneladas em 1998 para 124 toneladas em 2009– e o Brasil virou ponto de escala. A análise faz parte do Relatório Mundial sobre Drogas divulgado nesta quinta-feira (23) pela ONU (Organização das Nações Unidas).
O estudo é lançado simultaneamente em diversas cidades do mundo às vésperas do Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico de Drogas, que acontece no próximo dia 26. Elaborado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o documento reúne dados sobre a situação do mercado das drogas, incluindo produção, tráfico e consumo, até 2009.
A cocaína, vinda da região dos países andinos, entre eles Colômbia, Bolívia e Peru, segue do Brasil para a África e de lá aporta em terras europeias. Em 2009, o Brasil foi líder no continente americano em número de apreensões da droga que iria para consumo europeu. Foram 206 casos em 2009 (totalizando 1,5 tonelada), ante 25 em 2005 (339 kg). Em quantidade, o país ficou atrás apenas da Venezuela (6,6 toneladas) e do Equador (2,5 toneladas).
No total, a cocaína apreendida no Brasil –incluindo a usada para consumo interno–  triplicou num período de cinco anos: passou de 8 toneladas em 2004 para 24 toneladas em 2009. A apreensão de maconha, por outro lado, caiu de 187 toneladas em 2008 para 131 toneladas em 2009. A de heroína totalizou 17 kg em 2009, um aumento acima de 10% em relação a 2008. O relatório não traz muitos detalhes sobre as apreensões de crack no país, mas informa que, em 2008, o Brasil apreendeu a maior quantidade no continente americano naquele ano: 374 kg.
O relatório menciona uma apreensão feita na Romênia de 1,2 tonelada de cocaína que havia sido despachada em dois contêineresdo porto de Paranaguá, no Paraná, em janeiro de 2009. No mês seguinte, outras 3,8 toneladas da droga, que também iriam para a Romênia, foram encontradas no mesmo porto.  O documento destaca ainda o fechamento de dois laboratórios de produção de ecstasy pelas autoridades brasileiras: um no Paraná e outro em Santa Catarina.
Principais rotas do tráfico mundial de cocaína em 2009
Mapa mostra a região andina como maior produtora de cocaína no mundo; as setas verdes mostram o destino da droga, em toneladas; já os círculos roxos mostram o consumo da droga, também em toneladas. Fonte: UNODC, Relatório Mundial sobre Drogas 2010, dados até 2009
Consumo pelo mundo
No mundo, cerca de 210 milhões de pessoas usam drogas ilícitas e a cada ano 200 mil usuários morrem. A droga mais consumida é a maconha, com um público usuário estimado entre 125 e 203 milhões, o que representa de 2,8% a 4,5% da população mundial. Em seguida, vêm anfetaminas/ecstasy, ópio/heroína e cocaína.
O tipo de droga usada varia muito conforme a região do planeta. A demanda por tratamento em função do vício em maconha é generalizada, mas é ainda maior na África e na Oceania. Enquanto o ópio/heroína traz mais agravantes para a Europa e a Ásia, o problema maior na América do Sul é a cocaína. Na América do Norte, maconha, ópio/heroína e cocaína estão equilibrados. As anfetaminas não prevalecem em nenhum mercado, mas está mais presente na Ásia e Oceania, seguidas pela Europa e América do Norte.
Segundo o relatório, houve uma certa estabilização, e mesmo queda, no uso de heroína e cocaína nas maiores regiões de consumo, mas logo foi compensada pelo aumento de drogas sintéticas e medicamentos controlados.
O uso indiscriminado dessas substâncias, como os remédios para emagrecimento, é um problema de saúde recorrente em diversos países, incluindo o Brasil. Outras substâncias legalizadas e que, portanto, não passam por fiscalização, têm se popularizado no mercado das drogas, como a maconha sintética. O relatório da ONU aponta também que é cada vez mais comum o consumo combinado de mais de uma droga, o que representa um risco ainda maior para a saúde.



Apreensões na Europa de cocaína vinda do Brasil crescem dez vezes
João Fellet
Da BBC Brasil em Brasília
Atualizado em  24 de junho, 2011 - 11:13 (Brasília) 14:13 GMT
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Carregamentos brasileiros de cocaína interceptados na Europa subiu de 25 para 260 em 4 anos
Um relatório da agência da ONU sobre Drogas e Crime (UNODC) divulgado na quinta-feira indica que o número de carregamentos de cocaína vindos do Brasil que foram apreendidos na Europa aumentou mais de dez vezes entre 2005 e 2009.
Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas, o número de carregamentos saltou de 25 (ou 339 kg), em 2005, para 260 (1,5t), em 2009, o que o tornou o Brasil "o país de trânsito mais proeminente das Américas – em termos de número de apreensões – de remessas de cocaína apreendidas na Europa."
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Em termos da quantidade de cocaína apreendida na Europa advinda de países intermediários, no entanto, o Brasil está atrás da Venezuela e do Equador – já que a droga que parte destes países é geralmente transportada em cargas maiores, segundo o relatório.
De acordo com a Organização Mundial das Aduanas, o Brasil foi o único país sul-americano de onde partiram carregamentos de cocaína interceptados na África em 2009.
O maior uso do Brasil como rota de passagem de cocaína para a Europa também se traduz no crescimento das apreensões da droga no território brasileiro, que passaram de 8t em 2004 para 24t em 2009, das quais 1,6t foi apreendida em cinco interceptações de aviões.
O relatório aponta ainda que o Brasil foi o país que relatou maior apreensão de crack nas Américas. Em 2009, foram interceptados 374kg da droga no Brasil, número bastante superior aos do Panamá (194kg), Estados Unidos (163kg) e Venezuela (80kg).
No início deste mês, o governo lançou o Plano Estratégico de Fronteira. O objetivo é desenvolver uma ação coordenada entre as Forças Armadas, Polícia Federal, Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal nas divisas do Brasil com os países vizinhos, para combater o tráfico de drogas e os crimes de fronteira.
Plantio em queda
Apesar do aumento nas apreensões e cocaína no Brasil, o relatório indica que o plantio de coca (matéria-prima da droga) na região andina caiu 32% nos últimos dez anos, e 16% entre 2007 e 2010.
Em 2010, a coca foi cultivada em 149.100 hectares, ante 221.300 hectares em 2000. O documento atribui o declínio principalmente à queda na produção na Colômbia, que, ao lado de Peru e Bolívia, concentra quase todas as áreas de plantio da folha no mundo.
A redução das áreas cultivadas de coca foi acompanhada pelo declínio nas apreensões de cocaína na América do Norte, principal mercado da droga. Houve queda de 43% nas interceptações entre 2005 e 2009, o que, segundo a UNODC, reflete "a redução generalizada do mercado de cocaína na região".
Por outro lado, no mesmo período, houve na América do Norte aumento das apreensões de anfetaminas (87%), ecstasy (71%), maconha (32%) e heroína (19%).
Anfetaminas e ecstasy
O relatório aponta ainda diminuição nos fluxos de anfetaminas e de ecstasy da Europa para a América do Sul, já que a produção local dessas drogas estaria crescendo.
A UNODC afirma que frequentes carregamentos de metanfetamina de países da África Ocidental (especialmente a Nigéria) para vários destinos no leste e sudeste asiático vêm se tornando uma preocupação internacional.
Também segundo o órgão, a Ásia tem se transformado numa das principais conexões para a produção e o tráfico de ATS (estimulantes sintéticos do grupo das anfetaminas), tendo registrado 64% de todas as apreensões mundiais em 2009.



Aumenta consumo de drogas sintéticas no mundo, aponta relatório da ONU

Luis Lidón.

Viena, 23 jun (EFE).- O cultivo de coca e a produção de ópio diminuíram no mundo em 2010, mas em sentido contrário figuram os estimulantes sintéticos, assim como a proliferação na internet de novos tipos de entorpecentes não submetidos a controles internacionais.

Esta é a conclusão que consta no Relatório Mundial sobre Drogas, publicado nesta quinta-feira pelo Escritório das Nações Unidas contra a Droga e Crime (UNODC).
Entre 149 milhões e 272 milhões de pessoas consumiram algum tipo de droga no último ano no mundo, enquanto estima-se que 200 mil morrem anualmente por doenças relacionadas à ingestão de entorpecentes.
O cultivo mundial de folha de coca recuou 6% em 2010 graças a redução da área plantada na Colômbia, embora a fabricação de cocaína tenha se mantido estável e o mercado movimente US$ 85 bilhões.
No mundo foram plantados 149 mil hectares de folha de coca, quantidade capaz de render entre 786 e 1.054 toneladas métricas, números semelhantes ao dos anos anteriores.
Ao todo, há entre 14,3 milhões e 20,5 milhões de pessoas que consomem a droga que mais dinheiro movimenta no planeta.
"O tráfico de drogas, o vínculo entre a oferta e a demanda, está impulsionando uma indústria criminosa global avaliada em centenas de bilhões de dólares que representa um crescente desafio a estabilidade e a segurança", afirma o diretor de UNODC, Yuri Fedotov, na introdução do relatório.
No caso da papoula, a superfície dedicada ao cultivo somou 195.700 hectares, avanço pouco superior a 5% na comparação com 2009 devido ao aumento da produção em Mianmar (Mianmar).
Mesmo assim, a produção de ópio caiu 38%, para as 4.860 toneladas, devido a uma praga que atacou o plantio no Afeganistão, que continua sendo o maior produtor mundial da droga, com 74% do total, 3,6 mil toneladas.
De 12 milhões a 21 milhões de pessoas consomem opiáceos no planeta, mercado que movimenta US$ 68 bilhões, dos quais US$ 61 bilhões correspondem à heroína.
Apesar de a produção de opiáceos ter encolhido 45% entre 2007 e 2010, a ONU avança que a recuperação dos plantios de papoula no Afeganistão após a praga do ano passado fará com que aumente de novo a produção de ópio.
O cannabis é com ampla vantagem a substância ilícita mais produzida e consumida no planeta, com entre 125 milhões e 203 milhões de pessoas de consumidores (ao menos uma vez) no ano passado.
A plantação de maconha está espalhada por todo o mundo, mas a resina de cannabis concentra-se em dois países: Marrocos, que abastece o mercado da Europa Ocidental e África Setentrional, e o Afeganistão, que fornece os mercados da Ásia.
Os estimulantes anfetamínicos, incluindo o MDMA, conhecido como "êxtase", são consumidos por entre 13,7 milhões e 56,4 milhões de pessoas, uma ligeira alta na comparação com os anos anteriores.
A ONU não tem estimativas sobre a fabricação destas substâncias em 2010, embora garanta que existem indícios de crescimento da produção, a julgar pelo fato de as apreensões terem aumentado em 169% respeito ao ano anterior.
Especialmente preocupante para a ONU é "a alta vertiginosa da produção, o tráfico e o consumo" destas drogas na Ásia.
Além das drogas "tradicionais", o relatório adverte que disparou a demanda por substâncias não submetidas a controles internacionais, como a piperazina, usada por veterinários para combater lombrigas intestinais em aves e que provoca, em quem a ingere, estados de euforia e excitação.
A ONU adverte ainda sobre o avanço do consumo de substâncias que não estão dentro dos tratados internacionais e podem representar sérios prejuízos à saúde pelo alto teor de toxicidade.
Multiplicou-se da mesma forma a demanda por substâncias sintéticas que imitam os efeitos da cannabis e podem ser obtidas pela internet e em lojas especializadas conhecidas como "smart shops".


Comissão diz que guerra contra drogas no mundo fracassou e defende mercado regularizado
BBC Brasil
Comissão global diz que guerra contra as drogas falhou em seu objetivo
Um grupo formado por líderes políticos e empresariais de todo o mundo - entre eles, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - afirma que a "guerra global" contra as drogas falhou em seu objetivo, e defende a adoção de medidas como a criação de mercados regularizados para conter o crime organizado.
O grupo de 19 membros, chamado Comissão Global de Políticas sobre Drogas, divulgou nesta quarta-feira um relatório com recomendações aos governos sobre como lidar com os problemas sociais decorrentes do consumo e da dependência de narcóticos no mundo.
"Se governos nacionais ou administrações locais acham que as políticas de descriminalização pouparão dinheiro e trarão melhores resultados sociais e de saúde para suas comunidades, ou que a criação de um mercado regularizado pode reduzir o poder do crime organizado e melhorar a segurança de seus cidadãos, então a comunidade internacional deve apoiar e facilitar tais políticas experimentais e aprender com a sua aplicação", diz o texto.
Para a comissão, é necessário "quebrar o tabu" em torno do consumo de drogas, buscando um debate amplo na sociedade e adotando políticas que reduzam o consumo, visando a saúde e a segurança tanto da população em geral quando dos consumidores de narcóticos.
Segundo o relatório, é necessário garantir tratamentos variados para os dependentes - inclusive com programas que preveem a administração controlada de narcóticos, como é o caso do Canadá e de alguns países europeus, onde usuários de heroína recebem doses da droga.
Além disto, o texto defende o acesso fácil a seringas, além de outras medidas que reduzam os danos aos viciados, evitando overdoses e a contaminação por doenças transmitidas pelo sangue, como a Aids.
Para a comissão, os dependentes de drogas devem ser tratados como pacientes, buscando evitar a aplicação de penas como trabalhos forçados ou abusos físicos e psicológicos, que vão contra os direitos humanos.
Penas alternativas
O relatório defende penas alternativas para os pequenos vendedores de drogas, diferenciando-os dos líderes das quadrilhas de narcotráfico.
"A maioria das pessoas detidas pela venda de drogas em pequena escala não são gângsters ou criminosos organizados", diz o texto.
"São jovens explorados para fazer o trabalho arriscado da venda nas ruas, dependentes tentando conseguir dinheiro para seu próprio uso, ou transportadores coagidos ou intimidados para levar drogas através de fronteiras."
Além disso, o grupo afirma que boa parte dos agricultores que cultivam as matérias-primas das drogas são pequenos produtores que lutam para sustentar suas famílias. Desta forma, puni-los como criminosos seria um erro.
"Oportunidades alternativas de subsistência são investimentos melhores do que destruir a sua única maneira disponível de sobrevivência", afirma o relatório.
O relatório cita ainda "óbvias anomalias" decorrentes do fato de que a avaliação corrente do risco e dos danos causados pelas drogas foi feita há 50 anos, quando havia, de acordo com o grupo, poucas evidências científicas para servir de base a estas decisões.
Assim, para a Comissão, as classificações do risco de drogas como a maconha e da folha de coca estão desatualizadas, devendo ser revistas pelas autoridades nacionais e pela ONU.
A Comissão Global de Políticas sobre Drogas tem como integrantes, além de Fernando Henrique Cardoso, os ex-presidentes da Colômbia, César Gaviria, e do México, Ernesto Zedillo, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, o escritor peruano Mario Vargas Llosa e o megaempresário britânico Richard Branson, entre outros.
Questão de saúde
Fernando Henrique Cardoso diz, em uma declaração que consta do material de divulgação do relatório, que é necessário tratar a dependência das drogas como uma questão de saúde, reduzindo a demanda por meio de iniciativas educacionais comprovadas e regularizando o uso de produtos como a maconha, em vez de criminalizá-lo.
"Cinquenta anos depois da introdução da Convenção Única sobre Narcóticos da ONU, e 40 anos depois que o presidente (Richard) Nixon lançou a guerra global do governo dos EUA contra as drogas, reformas fundamentais nas políticas nacionais e globais de controle das drogas são urgentemente necessárias", diz.
Cardoso, que defende a descriminalização da maconha desde que saiu da Presidência, é o protagonista do documentário Quebrando o Tabu, que aborda a questão do combate às drogas em todo o mundo. O filme estreia na próxima sexta-feira.
Outro integrante da comissão, o empresário britânico e fundador do Grupo Virgin, Richard Branson, diz que é necessária uma nova abordagem, que tire o poder do crime organizado e que trate os dependentes como pacientes, e não criminosos.
"A guerra contra as drogas falhou em reduzir o seu uso, mas lotou as nossas cadeias, custou milhões de dólares dos contribuintes, abasteceu o crime organizado e causou milhares de mortes", diz Branson.



Relatório Mundial sobre Drogas: Mercado de drogas se mantém estável, mas aumenta o consumo de drogas sintéticas e de prescrição
Nova Iorque, 23 de junho de 2011 - Enquanto os mercados globais de cocaína, heroína e cannabis diminuíram ou se mantiveram estáveis, a produção e o abuso de opióides de prescrição e de novas drogas sintéticas aumentaram, segundo o Relatório Mundial sobre Drogas 2011 ( www.unodc.org/wdr). O cultivo ilícito de papoula e de arbustos de coca se manteve limitado a poucos países. Entretanto, mesmo com uma diminuição marcante na produção de ópio e uma modesta redução no cultivo de coca, ao todo, a produção de heroína e de cocaína ainda é significativa.
O relatório mais importante das Nações Unidas sobre Drogas foi apresentado hoje (dia 23 de junho de 2011), na sede das Nações Unidas, pelo Secretário-Geral Ban Ki-moon; Yury Fedotov, diretor-executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC); Joseph Deiss, presidente da Assembléia Geral; Gil Kerlikowske, diretor do Escritório de Política Nacional de Controle de Drogas da Casa Branca nos Estados Unidos; e Viktor Ivanov, Diretor do Serviço Federal para o Controle de Drogas da Rússia.
Globalmente, cerca de 210 milhões de pessoas, ou 4.8% da população entre 15-64 anos de idade, consumiu alguma substância ilícita pelo menos uma vez em anos anteriores. Ao todo, o uso de drogas, incluindo o uso problemático de drogas, (0.6% da população entre 15 e 64 anos de idade) ficou estável. No entanto, houve um aumento da demanda por substâncias fora do sistema de controle internacional, como as piperazinas e a catinona. Os efeitos da cannabis também estão sendo imitados pela cannabis sintética, ou " spice".
Menos ópio no Afeganistão, leve aumento em Mianmar
O cultivo global de papoula alcançou cerca de 195,700 hectares (ha) em 2010, um pequeno aumento em relação a 2009. A produção do ópio, no entanto, diminuiu em 38%, para 4.860 toneladas, devido a uma praga que acabou com grande parte do cultivo de ópio no Afeganistão. Mesmo assim, houve produção de ópio no Afeganistão (3.600 toneladas ou 74% do total global). Enquanto o cultivo de ópio se manteve estável no Afeganistão, a tendência global demonstrou um aumento em Mianmar, onde o cultivo da papoula subiu cerca de 20% desde 2009. Consequentemente, a produção de ópio em Mianmar aumentou de 5% da produção global em 2007, para 12% em 2010. A produção global de ópio diminuiu 45% entre 2007 e 2010, particularmente como resultado das baixas colheitas, em 2010, mas esta tendência não deve continuar. "Apesar da área cultivada de papoula ter se mantido estável este ano, nossos estudos preliminares indicam que a produção de ópio no Afeganistão deve voltar a registrar níveis elevados  em 2011", alertou Fedotov.
Redução do cultivo mundial de coca devido à redução na Colômbia; redução do Mercado de cocaína nos Estados Unidos
Em 2010, a superficie total do cultivo de coca apresentou uma redução para 149.000 hectares, queda de 18% em relação a 2007. Nesse período, a produção potecial da cocaína apresentou uma redução de cerca de um sexto, reflexo da considerável redução da produção de cocaína na Colômbia. Consequentemente, os pequenos aumentos registrados no Peru e no Estado Plurinacional da Bolívia não afetaram essa diminuição.
O mercado de cocaína dos Estados Unidos tem apresentado diminuição considerável nos últimos anos. Mesmo assim, os Estados Unidos continuam sendo o maior mercado de cocaína, cujo consumo em 2009 era estimado em 157 toneladas, equivalente a 36% do consumo mundial. O segundo mercado mundial de cocaína é a Europa, principalmente, a Europa ocidental e central, onde o consumo é estimado em 123 toneladas.
Durante a última década, o consumo de cocaína na Europa duplicou (a pesar d que nos últimos anos em grande parte tem se mantido estável). Calcula-se que em 2009, cerca de 21 toneladas de cocaína tenham sido traficadas para a Europa, por meio da África Ocidental. Esse número representa uma diminuição em relação a dois anos atrás, quando provavelmente o total alcançou 47 toneladas.
Por outro lado, os preços de mercado da cocaína tem baixado de forma perceptível desde meados dos anos 90s. Há apenas uma década, o mercado norte-americano de cocaína era quatro vezes maior do que o da Europa. Atualmente, o valor estimado do mercado europeu de cocaína (36 milhões de dólares) se aproxima do mercado dos Estados Unidos (37 milhões de dólares).
Cannabis - a droga predileta no mundo
A cannabis continua sendo, com tendência de aumento, a substância mais produzida e consumida em todo o mundo, a pesar de que ha dados limitados a respeito. Em 2009, entre 2,8% e 4,5% da população mundial, entre 15 e 64 anos de idade (ou seja, entre 125 e 203 milhões de pessoas) tinham consumido cannabis pelo menos uma vez no ano anterior.
A produção de maconha está muito difundida, principalmente na América e na África, enquanto que a produção da resina de cannabis (haxixe) continua se concentrando únicamente em dois países: Marrocos, que abastece os mercados da Europa ocidental e África setentrional, e Afeganistão, que abastece os mercados da Ásia sul oriental. Em 2010, a resina de cannabis foi muito mais rentável do que o cultivo de papoula no Afeganistão.
Drogas sintéticas: Ásia sul-oriental e África recebem pouca atenção
O aumento vertiginoso da produção, do tráfico e do consumo de estimulantes do tipo anfetamínico, junto com o ressurgimento do cultivo de papoula e o tráfico de heroína, são motivos de grande preocupação na Ásia sul-oriental. "A moda das drogas sintéticas de deseño, que imitam as substâncias ilegais neutraliza os avanços nos mercados tradicionais das drogas", disse o Diretor Executivo.
"No triângulo do Our já não se lida somente com o ópio; é um negócio que atende aos desejos dos consumidores. A comunidade internacional parece ter abixado a guarda em matéria de fiscalização de drogas na Ásia suloriental", afirmou. "devemos atuar com determinação em todas as frentes antes de a região voltar a se tornar num centro importante de produção e tráfico de drogas".
Muitas substâncias não regulamentadas são comercializadas como "drogas legais" e substitutos de estimulantes ilícitos, como a cocaína ou o ecstasy. A anfetamina, substância sumamente aditiva, vem se propagando em toda a Ásia oriental e na América do Norte o seu consumo voltou a aumentar em 2009, depois de vários anos de diminuição. De fato, 2009 foi o ano no qual foram apreendidas mais drogas sintéticas, principalmente devido às interceptações de metanfetamina - que aumentaram em mais de um terço entre 2008 (11,6 toneladas) e 2009 (15,8 toneladas) - registradas principalmente em Mianmar. Apesar de que este país é uma das principais fontes de comprimidos de metanfetamina na Ásia sul oriental, a África também é uma nova fonte para a metanfetamina destinada à Ásia oriental.
Rumo a uma resposta multilateral mais firme às drogas ilícitas
Ury Fedotov ressaltou o principio da "responsabilidade compartilhada" e a necessidade de contar com os esforços em nível nacional, regional e internacional para elaborar uma estratégia integral para combater o cultivo, a produção e o tráfico de drogas. O UNODC lidera vários mecanismos regionais com o objetivo de enfrentar o problema do ópio no Afeganistão, como a Iniciativa do Pacto de País, a Iniciativa Triangular e o Centro Regional de Informação e Coordenação da Ásia Central. "Estes mecanismos poderiam servir de modelo para outras regiões como a Ásia sul oriental e ou América Central", disse Fedotov.
"As drogas provocam cerca de 20.000 mortes ao ano. Considerando que as pessoas com uso problemático de drogas mais grave constituem a maior parte da demanda de drogas, tratar esse problema é um melhores meios para reduzir o mercado", disse.
Em 2009, os Estados Membro reafirmaram a validade do regime de fiscalização internaciona de drogas, durante uma série de sessões de alto nível da Comissão de Entorpecentes. "Neste ano comemoramos os cinquenta anos da Convenção Única de 1961 sobre Entorpecentes, pedra fundamental do sistema de fiscalização internacional de drogas. Seus dispositivos continuam válidos e muito pertinentes, assim como o seu objetivo principal de proteger a saúde", disse Fedotov.
Mais informações e contato:
Andrea Catta Preta
Assessora de Comunicação - UNODC Brasil e Cone Sul
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime
Tel:+55 (61) 3204-7206
Cel:+55 (61) 8118 0910
http://www.unodc.org.br/  
www.twitter.com/unodcprt

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Mensagem do Secretário Geral da ONU ( português e inglês)
Sumário Executivo ( português e espanhol)
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